sábado, fevereiro 19, 2011

The Lord

David Bowie



       Tem coisas na vida que acontece e que nos perguntamos, por quê? Isso aconteceu comigo com David Bowie, há treze anos, esse nome passava despercebido em meu ouvido, em minha memória, era mais indiferença do que desconhecimento, mesmo porque sou da geração que na sétima serie do ensino fundamental a professora, com um ar clerical, cheio de moral e bons costumes, entrava na classe e dizia, hoje vamos falar de um assunto muito polêmico, drogas. Exibia o filme Cristiane F, drogada e prostituída, com trilha sonora do David Bowie e a cena memorável dela correndo no shopping ao som de Heroes. No dia seguinte todas as meninas pintavam o cabelo de vermelho com papel crepom, a Cristiane F ao som de heroes, tinha sido o anti-herói da minha sétima série.
       Contudo, foi somente quando casei, eu era fascinado pelos Secos e Molhado, que minha esposa apresentou-me as musicas de Bowie. Talvez a predileção pelos Secos e Molhados tenha facilitado meu gosto pelo Bowie, eu via mais semelhanças do que diferenças entre Ney Matogrosso e David Bowie, e a partir de então não parei mais de escutar seus álbuns, ler suas biografias e ver seus filmes, compreendê-lo, é saber sobre o cenário pop pós-guerra.
       Algumas coisas são tão imbecis, como que um professor de 33 anos, idade mística, consegue ainda permanecer tão aficionado por um ícone da cultura pop? Talvez para manter a referência do que era bom, do que era tão incômodo, do que era revolucionário, num período, em que a Inglaterra manteve até 1965 uma lei contra a homossexualidade, a mesma lei que no século XIX prendeu Oscar Wilde.
       Quarta-feira ganhei do meu aluno Raul, a última biografia de David Bowie, é mais um peça para o santuário. Mais uma parte da reconstrução da vida dessa lenda, que está doente nos seus 64 anos, mas que continua muito saudável na história da cultura industrial mundial.

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