segunda-feira, janeiro 17, 2011

Impressões

A Peste


     Como o título do post sugere, impressões são analises muito particulares do livro, são emoções de um professor de história e não um tratado sobre literatura.
      A Peste, livro do escritor franco-argelino Albert Camus é uma sugestão de um livro genial.
     O livro inicia com um aforismo de Daniel Defoe,  e esta máxima vai permear todo o enredo.
       " É tão válido representar um modo de aprisionamento por outro, quanto representar qualquer coisa que de fato existe por alguma coisa que não existe."
      A história começa,  com a descrição da cidade portuária, sem qualidades e embelezamentos, acometida pela Peste Bulbônica, ou Peste Negra.
     Eu como professor, não lembro de ter estudado uma epidemia com tantas alegorias religiosas. A doença castiga, julga e obriga os cidadãos a se posicionar, ou se prostar e aceitar o castigo divino, ou combater o mal que assola a todos.
      A peste aprisiona todos os habitantes, a cidade fica sob quarentena, todos os tipos de comunicações são cortados. E sobressai os indivíduos comuns, os anônimos, aqueles que não são lembrados. O médico que não se abate, mesmo diante do inevitável. Um historiador social, que na minha opinião, é o personagem mais intrigante, que combate a morte, mesmo quando a morte é aplicada pelo Estado, através das penas de  morte. Um funcionário público, metódico, e que tem como meta de vida, escrever a frase perfeita. E o capitalista, que como sempre, mesmo nas desgraças mais horrendas, conseguem lucrar.
    A doença é tratada como uma abstraçao, uma representação de alguma coisa que existe, por uma coisa que não existe, é a própria vida e morte.
       O livro , novamente me faz lembrar de Heidegger, onde a morte é a condição sine qua non de existência. Eu não posso me ver existindo se eu não me ver morrendo.
      Um livro para aquele que quer ver sentido, em uma vida sem sentido.
     

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