A Batalha de Poitiers barrou uma invasão árabe. FALSO! Nesse famoso embate, travado em 732, Carlos Martel deteve o avanço dos muçulmanos sobre a Europa e acabou de vez com as incursões do Islã nos domínios francos, certo? Errado!
por Olivier Tosseri
A Batalha de Poitiers, travada em 732 entre o exército de Carlos Martel e os muçulmanos vindos do emirado de Córdoba, não teve grande importância no período. Na verdade, o rei dos francos simplesmente barrou uma incursão de pilhagem, e não uma invasão árabe. Na época, o embate só serviu de inspiração para cronistas carolíngios que buscavam exaltar a figura do avô de Carlos Magno.
Exatamente um século depois da morte de Maomé, o Islã havia se difundido como um rastilho de pólvora pela bacia do Mediterrâneo. Em 711, os muçulmanos entraram em terras europeias pela Espanha, onde fundaram o emirado de Córdoba, e, em seguida, atravessaram os Pireneus.
Nessa época, a colônia árabe da Septimânia, no sul do atual território francês, foi palco de uma revolta contra o poder central do emirado. Liderada pelo berbere Munuza, em aliança com o duque Eudes, da Aquitânia, a rebelião provocou a ira de Abd al-Rahman, emir de Córdoba, que em 732 lançou um assalto contra os insurgentes. As forças muçulmanas esmagaram o levante e, por cobiça, voltaram seus interesses para o santuário de São Martinho de Tours, que supostamente guardava grandes tesouros.
Diante dessa ameaça, Eudes foi obrigado a pedir auxílio a seu principal rival, o rei dos francos. Carlos Martel seguiu pelo caminho de Poitiers, juntou seu exército às tropas do duque e, em 19 de outubro de 732, organizou suas fileiras contra os árabes.
A Batalha de Poitiers, travada em 732 entre o exército de Carlos Martel e os muçulmanos vindos do emirado de Córdoba, não teve grande importância no período. Na verdade, o rei dos francos simplesmente barrou uma incursão de pilhagem, e não uma invasão árabe. Na época, o embate só serviu de inspiração para cronistas carolíngios que buscavam exaltar a figura do avô de Carlos Magno.
Exatamente um século depois da morte de Maomé, o Islã havia se difundido como um rastilho de pólvora pela bacia do Mediterrâneo. Em 711, os muçulmanos entraram em terras europeias pela Espanha, onde fundaram o emirado de Córdoba, e, em seguida, atravessaram os Pireneus.
Nessa época, a colônia árabe da Septimânia, no sul do atual território francês, foi palco de uma revolta contra o poder central do emirado. Liderada pelo berbere Munuza, em aliança com o duque Eudes, da Aquitânia, a rebelião provocou a ira de Abd al-Rahman, emir de Córdoba, que em 732 lançou um assalto contra os insurgentes. As forças muçulmanas esmagaram o levante e, por cobiça, voltaram seus interesses para o santuário de São Martinho de Tours, que supostamente guardava grandes tesouros.
Diante dessa ameaça, Eudes foi obrigado a pedir auxílio a seu principal rival, o rei dos francos. Carlos Martel seguiu pelo caminho de Poitiers, juntou seu exército às tropas do duque e, em 19 de outubro de 732, organizou suas fileiras contra os árabes.
Na tarde de 25 de outubro, o primeiro dia do Ramadã, segundo as fontes islâmicas, o exército franco iniciou o combate. A batalha foi brutal e confusa, mas terminou com a morte de Abd al-Rahman e a fuga, no dia seguinte, das tropas enviadas por Córdoba.
Carlos não as perseguiu, aproveitando a vantagem para se apoderar do bispado de Loire e para saquear a região do Midi, no sul da França. Essa pilhagem lhe rendeu o cognome "Martel", que significa “aquele que golpeia como um martelo de guerra”.
A Batalha de Poitiers, portanto, não foi nada mais que uma etapa da tomada de poder por Carlos Martel, que buscava unicamente enfraquecer seu rival, o duque da Aquitânia. Uma evidência disso é o fato de que as incursões muçulmanas não se encerraram em 732: três anos depois, os árabes se apoderaram de Avignon e de Arles e saquearam a Borgonha. Esses ataques só acabaram definitivamente com a tomada de Barcelona por Carlos Magno, em 801.
Foi no século XIX que o embate ganhou maior importância. Os homens da época lançaram sobre Poitiers um olhar patriótico e colonialista, que exaltava a suposta superioridade do Ocidente sobre as populações muçulmanas e definiam os “grandes eventos” da história nacional francesa. Um dos responsáveis por essa releitura foi o rei Luís Filipe, que governou a França entre 1830 e 1848: o monarca transformou a batalha em ferramenta de propaganda de seu regime para justificar o início da conquista da Argélia.
Carlos não as perseguiu, aproveitando a vantagem para se apoderar do bispado de Loire e para saquear a região do Midi, no sul da França. Essa pilhagem lhe rendeu o cognome "Martel", que significa “aquele que golpeia como um martelo de guerra”.
A Batalha de Poitiers, portanto, não foi nada mais que uma etapa da tomada de poder por Carlos Martel, que buscava unicamente enfraquecer seu rival, o duque da Aquitânia. Uma evidência disso é o fato de que as incursões muçulmanas não se encerraram em 732: três anos depois, os árabes se apoderaram de Avignon e de Arles e saquearam a Borgonha. Esses ataques só acabaram definitivamente com a tomada de Barcelona por Carlos Magno, em 801.
Foi no século XIX que o embate ganhou maior importância. Os homens da época lançaram sobre Poitiers um olhar patriótico e colonialista, que exaltava a suposta superioridade do Ocidente sobre as populações muçulmanas e definiam os “grandes eventos” da história nacional francesa. Um dos responsáveis por essa releitura foi o rei Luís Filipe, que governou a França entre 1830 e 1848: o monarca transformou a batalha em ferramenta de propaganda de seu regime para justificar o início da conquista da Argélia.
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