Baixou um espírito estranho
em mim nesse mês de julho, como se por escolhas involuntárias quisesse retornar
ao mesmo tempo a um período vivido e outro esquecido, como se eu pudesse, ao menos
nesse mês experimentar um sentimento de esquecimento e liberdade.
As escolhas não foram
planejadas e nem vieram por meio de livros, foi primeiro a música e depois o
cinema, no final era os dois juntos. Tudo começou com exibição do show do Criolo,
a impressão que tive da música, de todo conjunto, era a reunião de todas as
influências musicais que talvez o Criolo tivesse ouvido em sua adolescência e infância,
e que por uma inconsciência, passaram a ser as minhas influências. Exemplo sabe
quando você é criança e está dormindo e é acordado pelo som do vizinho, em seu
ouvido insensível isso passa sem atenção, mas nos ouvidos do Criolo parecem que
“fotografaram” esse tipo de música, todas as influencias condensadas.
O outro momento foi quando
resolvi assistir novamente, "O Fabuloso destino de Amélie Poulain", tudo é tão
simples, pueril e engraçado, a desatenção com os prazeres realmente
verdadeiros. Contudo a trilha sonora do filme, composta por Yann Tiersen, é o
meio, é o interregno, é o período necessário para se sentir bem, nostálgico,
letárgico.
As férias não tinham chegado
à sua segunda semana, quando aluguei Into the Wild, não sei por que demorei
tanto para assistir esse filme? Deve ser essa força essencial a tudo, chamado
acaso, que impediu que eu tivesse acesso anteriormente, mas também lavei a
alma, assisti três vezes antes de entregar, o filme é uma tragédia grunge, com
seu herói virtuoso, impecável, sua jornada é tomada por dor, sofrimento,
alegria e morte. O filme só é perfeito pela trilha sonora que o acompanha de
autoria de Eddie Vedder. Não consigo tirar a letra da minha cabeça. “É uma mistério
para mim. Que há uma ganância comum a todos, quanto mais se tem mais se deseja
ter, e que isso não significa estar-se livre.” É fantástico.
Para concluir essa minha experiência
visual e auditiva libertária, fui no cinema assistir On the Road, que traz o
jazz bebop, o território continental dos Estados Unidos e suas estradas como desafio imediato transformando
aquele que quisesse percorrê-lo. Aparecem os desejos, o corpo, a sexualidade de
toda uma geração beatnik e o melhor pensamento extraído do filme; "E me
arrastei, como tenho feito em toda a minha vida... indo atrás das pessoas que
me interessam... porque os únicos que me interessam são os loucos... os que
estão loucos pra viver, loucos pra falar... que querem tudo ao mesmo tempo,
aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades... mas queimam, queimam,
queimam como fogos de artifícios no meio da noite." Pequenos são os
espaços do tempo, pequeno é o desejo para se conseguir o que quer. Grande são
as imposições, obrigações e funcionalidades. Mas vale e valeu nesse curto
intervalo ter revivido um desejo antigo da humanidade, o de se sentir livre.
É incrivel como o lema que batizou o sistema capitalista, laissez-faire laissez-passer, também pode ser usado como um bisturi, tentando romper as amarras que todos dias nos faz refém, do bem, do capital, do acúmulo e do salário.
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